O que é luto?

Hoje trago-te 4 elementos a entender quando se fala de Luto.

Longo

Unico

Transformador

Orgânico


Longo: Não é um caminho que se escolhe ou, não após a morte, inevitavelmente entras nele. Nesse caminho cabe tudo: a dor, a paz, a alegria, a culpa, a vergonha, o medo, o avançar, o parar, o retroceder, o fugir, o confrontar. Não tem início nem fim. É o caminho que se segue e que fará sempre parte de quem sofre uma perda. Entender isto é fundamental para legitimar o que se sente, pensa e faz no luto.

Único: Pertence à pessoa que está a lidar com a perda. Tendemos, com a melhor das intenções, a dar sugestões, fazer comentários e frases que podem fazer sentir inadequada a pessoa que está em luto. É uma experiência pessoal de vida (paradoxo). Entender isto é fundamental para reclamar o poder pessoal sobre o luto.

Transformador: Mexe com todas as dimensões da vida, começando claramente pela física. A perda de memória, insónias, ataques de pânico, esgotamento, alteração no peso e apetite são legítimos. Está cientificamente provado que as células de uma pessoa em luto perdem eficiência. Imagina então as transformações que não ocorrem a outros níveis? Entender isto é fundamental para olhar com compaixão e empatia quem está em luto.

Orgânico: É uma experiência natural, essencial e espontânea após a morte de alguém que amamos. Assim como sabemos que a morte é permanente, irreversível e universal, o luto também. O estigma da morte tem levado a que o luto não seja ainda uma linguagem universal de amor após a morte. Eu própria fugia desta palavra que me resultava tão incompreensível. Entender isto é fundamental para abrir espaço a conversas honestas sobre vida e perda.

Perdi um filho em 2016, morreu com 54 dias de vida. Comecei a viver o caminho do luto sem fazer a mínima ideia do que isso significava. Ter sabido algumas destas coisas elementais teria ajudado sobretudo a praticar Autocompaixão e Autoempatia. E também, a comunicar os meus limites pessoais.

Partilhei contigo esta reflexão que acho fundamental para:

  • Legitimar o que se sente, pensa e faz no luto;

  • Reclamar o poder pessoal sobre o luto;

  • Olhar com compaixão e empatia quem está em luto;

  • Abrir espaço a conversas honestas sobre vida e perda.

É tão importante espalhar esta mensagem. Assim estamos todos a contribuir para uma melhor Literacia da Perda.


 
 
 

Abraço sereno,

Ana Higuera

 

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