O corpo não esquece

O corpo guarda as marcas do que foi silenciado e vivido sem a presença de uma testemunha empática. 

O corpo não esquece.


Toda e qualquer memória semântica (ou episódica) teve origem numa experiência sensorial.

Por exemplo, se uma pessoa em criança caiu de um cavalo e não teve um adulto empático que o ajudasse a lidar com o medo e a dor, é provável que hoje seja uma pessoa com medo de andar a cavalo.

Mesmo que não se lembre da queda, o corpo guarda a memória dessa experiência

Ela foi percecionada como ameaça ou perigo através dos sentidos, entrando no seu sistema através do cérebro primitivo. 
Conjuntamente com o cérebro límbico e pensante, ficaram associadas à experiência de andar de cavalo, emoções desagradáveis (medo, angústia, ameaça) e um significado distorcido (andar a cavalo é igual a ameaça de vida).

O corpo não esquece.

A pessoa pode perceber cognitivamente que andar de cavalo pode ser seguro e continuar a reagir com a resposta de ameaça porque o seu corpo não esquece.

À luz da teoria do Cérebro Trino e, tendo em conta o que a ciência do trauma e a Experiência Somática nos ensinam, podemos perceber que, em adultos, podemos estar a responder a uma experiência presente com respostas inconscientes do passado.

Daí que, acreditar que bater numa criança, deixar um bebé a chorar de noite até adormecer sozinho ou castigar uma criança com abuso emocional e verbal, serão coisas que mais logo não são lembradas, é algo sem sentido.

O corpo não esquece.

O corpo guarda as memórias daquilo que ameaçou a nossa segurança, mesmo que a cabeça diga o contrário.

Já tinhas refletido sobre isto?


 
 
 

Abraço sereno,

Ana Higuera

 

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