O que preciso para estar bem?
Quando fiz 18 anos recebi uma prenda incrível dos meus pais: uma mota. Sim, incrivelmente corajosa, pois o receio de que na mota pudesse vir a acontecer o pior era grande.
Era uma mota pequenina. Cor de prata. Velocidade máxima 100km/h. Batizei-a de "La Flaca".
Usava capacete prata a condizer e tinha outro para quando levava alguma amiga à faculdade.
A mota preencheu várias necessidades minhas. Não só a de deslocação (andava de autocarro desde os 12 anos quando era voluntária) em menos tempo (a mota era bem mais rápida que os autocarros e carros, num país como a Colômbia em que o trânsito é caótico).
A mota veio preencher necessidades de liberdade, de autonomia, de independência financeira, de responsabilidade pessoal, de experiência, de movimento, de vitalidade, de celebração, de empatia, pois os meus pais perceberam bem o que eu precisava.
Há várias formas de satisfazer as nossas necessidades. Neste caso foi através da mota. Levou-me à faculdade onde estudava engenharia, ao colégio onde dava aulas de física em part-time, às casas de jovens que acompanhava como explicadora, aos encontros com amigas e amigos muitas vezes em locais do outro lado da cidade. Às consultas médicas, ao cinema, a tantos lugares…
E trouxe desafios também. Vi-me envolvida num atropelamento, felizmente sem consequências graves. Quedas. Pagar as despesas, o combustível, o seguro. E sempre que chovia, o carburador apanhava água e tinha de parar e ligar ao meu pai a pedir reboque.
Hoje trago esta reflexão como metáfora:
Qual a "mota" que precisas agora na tua vida?
Abraço sereno,
Ana Higuera