Carta de uma mãe a um filho

Partilho hoje uma carta de uma mãe normal, de uma mulher normal, que ama os seus filhos sem condição. Que merece compaixão, colo, empatia e reconhecimento.

Uma mulher-mãe que precisa preencher as suas necessidades de dignidade, pertença e aceitação.


Dou-te a minha atenção aos bocados para me proteger do cansaço e da exaustão que sinto.

Sorrio e finjo que estou a ver-te brincar enquanto passam pela minha cabeça as mil e uma coisas que tenho para tratar.

Exijo de ti que comas bem e de forma equilibrada, projetando justamente aquilo que não consigo fazer, entre os almoços que salto e os doces que como às escondidas.

Controlo o tempo que passas em frente ao ecrã, consciente de que me vês muitas vezes a pegar no telefone e a fazer scroll sem motivo nenhum.

Fico revoltada quando reclamas mais atenção e apresento argumentos que contrariam o que dizes. Sei que, no fundo, sou eu quem se sente desadequada por não estar disponível para ti como mereces e precisas.

Convido-te a brincares sozinho e saberes estar contigo mesmo, quando sou eu a primeira a não saber estar comigo mesma e a abraçar o tédio.

Atropelo os momentos de conexão, como a hora de dormir ou do banho, procurando justamente um momento de conexão comigo em que possa estar sozinha sem dar conta de nada nem de ninguém.

Vivo num mar de contradições entre querer-te meu e saber-te da vida e do mundo. Entre querer-te autónomo e querer resolver e fazer as coisas por ti. Entre confiar nas tuas escolhas e querer mostrar-te o certo e o errado. Entre amar-te sem condição e justificar as condições todas que imponho. Entre dizer que és meu e saber, no fundo, que te recebi como um dom que merece ser livre e aceite sem condição.

Se sentes que esta carta poderia ter sido escrita por ti, e estás a precisar de colo, empatia e compaixão, encontras nas Tertúlias Serenas uma experiência única de aprendizagem e de pertença a uma comunidade, em contacto profundo com a empatia e a leveza.

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Abraço sereno,

Ana Higuera

 

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