Crença - ser coach é difícil
Eu, também, por vezes, acredito nisso.
Quer dizer que já acreditei, em alguns momentos, que isso é verdade.
Noutros, pensei que até é simples e fácil e, meia volta, sinto novamente alguma resistência que fala dessa crença de que ser coach é difícil.
E deixa-me contar-te um pouco mais…
Quando estudei Coaching em 2017, estava grávida (de risco) a viver um turbilhão de emoções após a perda do meu filho Lourenço e com vontade de fazer uma formação que me trouxesse alguma clareza em relação ao meu futuro profissional.
Queria tomar uma decisão: Volto ao mundo corporativo ou faço alguma outra coisa.
O quê? Na altura não fazia ideia.
Sabia que tinha um projeto de artes criativas, muita vontade de empreender e pouquíssima clareza do que poderia ser ecológico, útil e importante para mim e para os outros.
Nestes 6 anos, após a formação em Coaching, sou consciente que a minha vida tem dado muitas voltas.
Que eu própria tenho ido mudando, desaprendendo, integrando novas aprendizagens.
O contexto tem mudado, os valores têm-se tornado mais claros, as minhas necessidades também e alguns desafios continuam presentes, claro, em diferentes áreas da minha vida.
Em todo esse percurso de movimento da minha própria vida, tenho observado o movimento de muitas pessoas (clientes) e de outros profissionais (coaches), o que tem despertado em mim alguns momentos de “crise”, de questionamento profundo, de incerteza, de pensar: ser coach é difícil.
E sabes porque por vezes esta crença me visita?
Porque eu própria lido com os meus desafios pessoais e isso me leva a questionar a legitimidade de querer ajudar outras pessoas a lidarem com os seus desafios. E, também, convida-me a lidar com os meus obstáculos, o que por vezes é duro, difícil ou desconfortável.
Porque alguns desafios dos meus clientes me desafiam a saber mais sobre certas áreas e a fazer escolhas para me manter a fazer aquilo que está dentro da minha competência e capacidade.
Porque certas partilhas dos meus clientes me lembram das minhas dores e fragilidades, e me desafiam a manter-me no lugar de observadora, nesse lugar neutro de quem escuta sem aconselhar, sem dirigir, sem salvar.
Porque abundam na net inúmeros coaches que fazem tudo menos coaching e contribuem para uma maior confusão e desprestígio desta profissão, a meu ver, importante, íntegra e muito útil.
Porque abundam mentores de negócios na internet, que promovem que nós, coaches, coloquemos o foco no dinheiro que entra na conta, deixando de lado a integridade, a ecologia e a nossa sustentabilidade emocional e dos outros.
Porque entre stories em que se partilham versões do antes e do depois, pratos equilibrados e dietas, frases motivacionais, programas que mudam vidas em 3 meses, conselhos e diretrizes para vidas de luxo e prazerosas, num mundo do desenvolvimento pessoal em que “vale tudo” para faturar 6, 7, 8 dígitos, eu sinto-me desconfortável, incomodada e desafiada a encontrar formas de me manter íntegra e alinhada.
Por este motivos e por outros, penso algumas vezes que ser coach é difícil.
Difícil ou fácil, coaching é muito mais do que colocar um grupo de pessoas a bater palmas num evento em que a bolha que se cria lhes faz acreditar que são capazes de tudo.
Mais do que especular sobre a criança interior e mandar viajar para memórias difíceis só porque fica bem mexer nas dores dos outros.
Mais do que promover motivação extrínseca e prometer resultados mirabolantes só porque resultou com eles uma dieta de 3 meses que lhes mudou a vida.
Lembra-te: não é o nosso papel enquanto coaches julgar que a nossa experiência pessoal pode resolver a vida dos outros só porque connosco resultou.
Entre vender promessas mirabolantes e recuperar aprendizagens do vivido, há uma grande diferença (e também um caminho).
Na Mentoria Coching Íntegro, percorremos esse caminho juntos. Sabe mais sobre a jornada aqui
Gostava muito de saber como recebes esta mensagem.
Um abraço sereno,
Ana Higuera