Eu não quero um filho obediente

Obediência? Não, obrigada.

Sim, eu sei que estas palavras podem fazer confusão. Quando questionei a obediência há alguns anos, fiquei confusa e sobretudo, curiosa.


A propósito de vários temas atuais que estão a gerar tanta revolta, polarização e crítica, trago-te esta reflexão, porque tenho a certeza que prefiro a colaboração à obediência.

Mas não chega só preferir, é preciso vivenciar esta intenção. É preciso questionar certezas, desaprender e abraçar uma nova forma de entender a parentalidade.

Do ponto de vista dos meus filhos, penso que:

  • A COLABORAÇÃO permite-lhes assumir responsabilidade pessoal pelas suas ações e escolhas;

  • A OBEDIÊNCIA afasta-os dessa responsabilidade. É sempre responsabilidade de quem “está a mandar fazer isto ou aquilo”;

  • A COLABORAÇÃO é inclusiva, abre espaço para perguntas e para entendimento;

  • A OBEDIÊNCIA é exclusiva, não deixa lugar para questões nem reflexões;

  • A COLABORAÇÃO promove a ligação;

  • A OBEDIÊNCIA promove a submissão;

Do meu ponto de vista, como mãe:

  • A COLABORAÇÃO surge quando pratico o igual valor, a autenticidade;

  • A OBEDIÊNCIA surge quando o meu valor está por cima do valor deles (autoritarismo);

  • Quando pratico a COLABORAÇÃO, sinto reconhecimento e importância;

  • Quando me foco na OBEDIÊNCIA, sinto-me desgastada, sem voz;

  • Com a COLABORAÇÃO nutro a autoestima e fomento o reconhecimento;

  • Com a OBEDIÊNCIA promovo o julgamento e descuro a autoestima.

Eu sei, não é um caminho fácil, dava jeito que assim fosse. Dou por mim às vezes a levantar a voz, a promover a obediência. Respiro e lembro-me das minhas intenções, e recomeço, sendo a mãe que os meus filhos precisam.

Quais são as tuas intenções?


 
 
 

Abraço sereno,

Ana Higuera

 

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