Eu não quero um filho obediente
A propósito de vários temas atuais que estão a gerar tanta revolta, polarização e crítica, trago-te esta reflexão, porque tenho a certeza que prefiro a colaboração à obediência.
Mas não chega só preferir, é preciso vivenciar esta intenção. É preciso questionar certezas, desaprender e abraçar uma nova forma de entender a parentalidade.
Do ponto de vista dos meus filhos, penso que:
A COLABORAÇÃO permite-lhes assumir responsabilidade pessoal pelas suas ações e escolhas;
A OBEDIÊNCIA afasta-os dessa responsabilidade. É sempre responsabilidade de quem “está a mandar fazer isto ou aquilo”;
A COLABORAÇÃO é inclusiva, abre espaço para perguntas e para entendimento;
A OBEDIÊNCIA é exclusiva, não deixa lugar para questões nem reflexões;
A COLABORAÇÃO promove a ligação;
A OBEDIÊNCIA promove a submissão;
Do meu ponto de vista, como mãe:
A COLABORAÇÃO surge quando pratico o igual valor, a autenticidade;
A OBEDIÊNCIA surge quando o meu valor está por cima do valor deles (autoritarismo);
Quando pratico a COLABORAÇÃO, sinto reconhecimento e importância;
Quando me foco na OBEDIÊNCIA, sinto-me desgastada, sem voz;
Com a COLABORAÇÃO nutro a autoestima e fomento o reconhecimento;
Com a OBEDIÊNCIA promovo o julgamento e descuro a autoestima.
Eu sei, não é um caminho fácil, dava jeito que assim fosse. Dou por mim às vezes a levantar a voz, a promover a obediência. Respiro e lembro-me das minhas intenções, e recomeço, sendo a mãe que os meus filhos precisam.
Quais são as tuas intenções?
Abraço sereno,
Ana Higuera