O caminho para relacionamentos seguros- Parte II
Hoje trago-te a segunda parte desta reflexão sobre a necessidade de autenticidade e a necessidade de ligação.
Ao percebermos um pouco mais sobre estas necessidades, observamos que, algumas vezes, pode existir um conflito interno em nós. Para entender melhor, observa as seguintes frases:
- Ficas muito feio quando choras, assim não gosto de ti.
- Como foste escolher isso? Que desilusão!
- Foste tu quem riscou a parede? Diz-me a verdade ou ficas sem telemóvel!
Consegues observar o conflito interno que se cria, fruto dessa escolha forçosa?
A verdade, segundo a filosofia, pode ser definida como ausência de contradição.
A palavra contradição é um bom termo para representar o conflito interno que se cria quando crescemos a acreditar que, para manter vínculos, precisamos de esconder partes de nós.
O que coloca o ato de mentir como uma estratégia para manter a segurança, a pertença, o amor e o reconhecimento do outro.
Que bom seria se pudéssemos encontrar relações onde há espaço para a verdade, para a nossa autenticidade, para sermos amados tal como somos.
Dado que não fomos ensinados a prestar atenção ao que sentimos, a identificar o que precisamos e muito menos a comunicar o que é importante para nós.
Na tentativa de sermos nós, éramos constantemente julgados e dirigidos para “agradar os outros”, faz sentido pensar em 3 atitudes a cultivar nos nossos relacionamentos:
Curiosidade: Atenção cuidada e vontade de conhecer mais sobre o outro (ou sobre nós). Quando ganhamos compreensão sobre o que sentimos, valorizamos, precisamos e queremos, aumentamos o nosso bem-estar.
Empatia: Capacidade de oferecer espaço ao outro para sentir o que está a sentir, sem necessidade de corrigir, alterar, sugerir, distrair, julgar. Apenas oferecer suporte curioso e bondoso, através da presença plena.
Vulnerabilidade: A força interna que nos permite expor quem somos e sermos vistos, mesmo quando não temos controlo sobre o resultado. A vulnerabilidade é uma emoção, um valor e, também, uma intenção. A intenção de vivenciar mais vezes estados de honestidade emocional.
Concluindo, será importante lembrar que, enquanto a ciência nos diz que na base das nossas necessidades encontram-se a ligação (pertencer, ser visto) e a autenticidade (ser aceite como somos), a sociedade diz-nos que, para pertencer, para ser digno de amor e ser aceite, precisamos de suprimir, alterar e esconder partes de nós.
Daí que, encontrar espaços seguros e relacionais em que estejam presentes a empatia, o não julgamento, a curiosidade pelo outro e a vulnerabilidade seja, sem dúvida, fundamental para a vivência de uma vida mais inteira, saudável e feliz.
Faz sentido para ti?
Abraço sereno,
Ana Higuera