**“Como é possível deixares o certo pelo incerto? Tu pensa bem.”**
Alguma vez ouviste alguém dizer isto? A questionar uma decisão e reforçar com o bitaite “Tu pensa bem”? Eu sim, algumas vezes. De forma mais marcante em 2007 e em 2012, quando decidi mudar de cidade, de emprego, de país.

Em 2007 candidatei-me a uma bolsa de estudo na Colômbia para ir fazer um mestrado em Barcelona. Era um dos meus sonhos, passar um tempo fora, viajar, ir ao país onde os meus pais tinham estado no início da sua relação. Aprender fora, viver sozinha. Na altura trabalhava numa grande empresa colombiana, com um “futuro” muito promissor e todos esperavam que seguisse o percurso “normal” de trabalhar, comprar um apartamento, um carro e casar.

Fui muito questionada por alguns e, também, muito incentivada por outras pessoas que sabiam bem o que eu precisava naquela altura. Trabalhei desde cedo com a intenção de que as minhas poupanças me ajudassem na concretização desse sonho.

Em 2012 decidi vir para o Porto com o Pedro (na altura namorávamos e queríamos casar em Portugal). Trabalhava numa multinacional espanhola, onde geria o produto mais importante da empresa, com muita responsabilidade. Foi um choque para muitos e mais uma vez surgiu a pergunta: “Como vais deixar o certo pelo incerto’ O que vais fazer lá? Aqui tens tudo”.

Na altura, não percebia bem como podiam dizer isso. Sentia-me julgada e até zangada às vezes por questionarem as minhas escolhas. Havia apenas uma coisa que eu sabia: era aquilo que eu queria fazer, em resposta às minhas intenções e necessidades. Era o que me fazia sentido.

Estava no lado certo e troquei pelo incerto? Não sei. Quero pensar que, mais do que certo ou incerto, avancei na direção do que me fazia sentir alinhada com os meus valores e intenções.

Desejo que consigamos sentir curiosidade pelas escolhas dos outros, que haja coragem para escolher o caminho que queremos seguir com congruência e que abracemos a vulnerabilidade para partilhar as nossas escolhas.